2014 – Ano de Copa do Mundo e muitos desafios

Ao longo de mais de 10 anos o Foodservice vem crescendo a uma taxa média superior a 14%, muito acima da economia brasileira e do próprio mercado de alimentos e bebidas, ou seja, é quem “puxa” o mercado e o consumo de alimentos e bebidas.

Historicamente, as empresas, sejam fabricantes, distribuidores ou operadores do Foodservice se planejam sempre com altas taxas de crescimento do mercado e raramente se deparam com cenários de estagnação, como viveram nos últimos anos mercados como o americano e o europeu.

Por inércia, espera-se novamente ótimos crescimentos para 2014, até animados por uma Copa do Mundo no Brasil, ano eleitoral, etc.

Mas, mais em tempo do que nunca: é esse cenário o mais provável?

Sobre a Copa do Mundo:
Apesar de durar apenas um mês, a Copa do Mundo é um dos eventos mais importantes da década no País e sem dúvida entender seus impactos é muito importante para o planejamento dos negócios.

Se por um lado há uma expectativa positiva pelo movimento adicional gerado por perto de 1 milhão de turistas durante a Copa, há que se considerar as consequências negativas também.

Se considerarmos que mais de 2/3 das refeições fora de casa ocorrem durante os dias de semana – quando as pessoas estão trabalhando, estudando ou em outras atividades – a Copa do Mundo deve reduzir muitos milhões de refeições que ocorreriam no período.

Nos dias de jogo do Brasil (que podem ser 7, se chegarmos às finais!), grande parte das empresas dispensará funcionários mais cedo, haverá jornadas reduzidas; nos casos de Cidades-sede, teremos até feriados locais, entre outras alterações que impactarão em redução de almoços, lanches e outras refeições típicas dos “work-days”.

Estima-se que o impacto destas alterações equivalham a uma redução entre 2 e 4 dias úteis para os estabelecimentos que servem refeições no dia a dia, o que é um impacto enorme, considerando que temos mais de 60 milhões de refeições nas ruas todos os dias.

Deve até haver uma certa compensação pelo acréscimo de movimento nos bares, mas isto será capturado muito mais pelo mercado de bebidas do que de alimentos.

Além disso, há outro impacto delicado: a mão-de-obra; num mercado embalado pelo “frisson” da Copa, deverá haver uma “corrida” para preparar funcionários para eventuais picos em parte dos estabelecimentos; isso pode gerar uma “inflação” de custos e um aumento do turnover em vários segmentos.

Mas, para comentar um aspecto inegavelmente positivo sobre a Copa do Mundo, ligado ao humor, ao “ambiente” que a Copa do Mundo promove, que aproxima as pessoas, estimula os encontros e o consumo.

Sobre o ano de 2014 como um todo:
Além da visão sobre a Copa do Mundo, o 2014 aponta para a perspectiva de ser o 1º ano dos últimos 10 ou 15 com crescimento mais comedido, provavelmente “raspando” a casa de 2 dígitos – algo bem próximo de 10% nominal – uma situação com a qual sequer nos lembramos como lidar. Vários elementos nos apontam para isso.

Os fatores que puxam o crescimento do Foodservice no Brasil (de forma parecida no resto do mundo) são crescimento de renda média familiar, diminuição do desemprego, fartura de crédito e bom nível de confiança do consumidor e do empresário; estes fatores todos apresentam números bastante positivos ao longo dos últimos anos e, nesta carona, consumir refeições preparadas fora de casa tem aumentado consistentemente.

Porém, para 2014, as perspectivas de crescimento de renda são muitíssimo discretas; o desemprego já atingiu patamares de estagnação, até com viés de aumento; o crédito, que já foi mais disponível do que é hoje, provavelmente continuará relativamente contido e a confiança do brasileiro não deve retomar patamares superiores há um ano; ou seja, se o cenário não é negativo (nenhuma variável promete piorar significativamente), por outro lado, não justifica planejarmos um ano de crescimento agudo.

Pensar num crescimento real do mercado de Foodservice na casa de uns 4% ou 5%, não é nada fora de perspectiva, muito pelo contrário; aliás, que tenhamos em mente que os cenários mais prováveis de crescimento da economia também não são nada empolgantes.

E devemos considerar que, ao lado destes temas conjunturais – que são predominantes, mas não os únicos – o Foodservice está vivendo situações muito importantes que servem de “redutor de crescimento”, destacando as enormes dificuldades com mão-de-obra (disponibilidade, qualificação, retenção, custo), os atrasos de inaugurações de shopping centers, o câmbio sob pressão, por exemplo.

A favor das “travas de crescimento”, destacamos um número muito importante de inaugurações de lojas, especialmente das redes organizadas (falamos de mais de 1.000 restaurantes, apenas entre as principais redes, como McDonald’s, Subway, Bob’s, Habib’s, Giraffas, etc) e um “gap” enorme de profissionalização e qualificação de toda a cadeia, que está sendo trabalhado pelas principais empresas deste mercado, para acelerar o desenvolvimento, vide como principal exemplo o lançamento do IFB – Instituto Foodservice Brasil – no 2º semestre de 2014.

Sem dúvida, viveremos, mais do que nunca, tempos de busca de eficiência, planejamento, qualificação e profissionalização no Foodservice!

Sérgio Molinari (smolinari@gsmd.com.br) é sócio-diretor de Foodservice da GS&MD – Gouvêa de Souza.

Redação

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