O Omniconsumidor muda seu comportamento ao longo do dia, dependendo da pressão do tempo e do momento. Muda ao longo da semana, equilibrando-se entre compromissos, lazer e necessidades. Pode mudar também ao longo do mês – entre outras coisas e em algumas classes sociais -, dependendo do recurso financeiro disponível. E igualmente ao longo de suas diversas jornadas de compras na vida. É o mimetismo do consumidor.
O mimetismo, só para recordar, é aquele fenômeno – presente em vários animais – que faz com que possam alternar formas e cores por uma questão de sobrevivência ou harmonização com o ambiente físico em que se encontram.
Assim também acontece, sob o ponto de vista comportamental e até físico, com o ser humano. As roupas usadas em cada situação ou ambiente podem ser encaradas como parte desse processo de mimetismo físico. Mas nos interessa discutir e reconhecer o mimetismo comportamental do consumidor.
Em termos atuais, o mimetismo do consumidor omni torna-se ainda mais amplo, pois as ofertas e características dos diversos canais que o disputam multiplicam possibilidades e alternativas.
As alternativas de canais digitais de vendas e relacionamento, entre elas o e-commerce, têm condições muito maiores de se adequarem a essas diversas jornadas e momentos, pelo dinamismo implícito em suas características e pela possibilidade de ajustar-se, pró-ativamente, a esses momentos. As lojas físicas, até agora, muito pouco ou quase nada têm feito para absorver essa nova dinâmica.
A questão torna-se ainda mais complexa, pois o Omniconsumidor se reinventa todo dia, quase que a cada momento, sem perder suas características básicas. Na essência, o indivíduo é a mesma pessoa, a mesma renda, a mesma família, porém exposto a uma multiplicidade dinâmica de estímulos e informações, precipitada pela potencialização de fontes de informação, ativas ou passivas, que alteram comportamentos, expectativas, desejos e interesses. Ainda que seja a mesma pessoa, com a mesma renda e a mesma família.
Essa multiplicação de estímulos chega em profusão crescente a todos os consumidores e cidadãos, mas muito especialmente aos mais jovens, permanentemente conectados às redes sociais, sendo impactados e impactando outros consumidores. E seu poder de influenciar é cada vez maior, sobrepondo-se ao que comunicam as fontes oficiais, seja na propaganda ou nas manifestações públicas formais de qualquer natureza.
O que outro consumidor-cidadão comunica, com muitas ressalvas, têm poder crescente na formação da visão e do comportamento coletivo.
E isso é um dos vetores mais importantes do atual cenário da Sociedade e do Mercado.
Isso precipita, em termos mais abrangentes, a tendência à crescente movimentação entre empregos dos mais jovens, a interinidade das preferências, a crescente propensão à infidelidade a produtos, marcas, lojas e serviços. Isso estimula ao extremo a experimentação. E isso precipita a crescente volatilidade, que é característica importante dos tempos atuais. E futuros.
Para não discutirmos aqui as implicações mais amplas na transformação da Sociedade, na visão simplista de mercado, consumo, do próprio varejo e dos serviços, estamos falando do enorme desafio e das infindáveis oportunidades que surgem para entender e atender o “mimético” Omniconsumidor, especialmente nas opções e canais não digitais.
Nas alternativas digitais é possível ajustar a oferta, o produto, a marca, o preço, as referências de outros consumidores, a mensagem e as informações a partir do reconhecimento e individualização do consumidor de forma personalizada e dinâmica, baseada nos seus padrões de consumo, momentos e preferências.
Em outros canais e circunstâncias, a limitação física e operacional já é muito mais complexa, quando não inviável.
Como ajustar a oferta da loja ao longo do dia segundo os diversos segmentos, clusters ou indivíduos que a visitam?
O que não se pode negar é que essa expectativa gerada no “mimético” Omniconsumidor, à medida que o digital está cada vez mais presente em sua vida, condiciona comportamentos, expectativas e preferências. Especial e crescentemente entre os mais jovens.
E tudo que contrarie essa perspectiva – mesmo para os mais tradicionais consumidores, cada vez mais nichos relativamente pequenos de mercado -, se distancia do emergente comportamento coletivo.
Podemos sempre olhar essa realidade pelo prisma do meio copo, mais cheio ou mais vazio.
Só não podemos ignorar.
Como incorporar esse dinamismo e flexibilidade em tudo que oferecemos para atrair a crescente dispersão de interesse e preferência do mimético Omniconsumidor?
NOTA. No Latam Retail Show, que acontece de 29 a 31 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo, especial atenção será dedicada aos temas que envolvem a reconfiguração dos canais no novo ciclo pela integração digital, transformando no PDX, o ponto de experiência e relacionamento que vende.
Muito Agradecido Marcos Gouvêa de Souza!!! … Estou iniciando minha aprendizagem sobre a ominicanalidade para estar melhor preparado para a abertura de uma franquia de Beleza e Bem-Estar que possui braços de negócios nas vendas diretas e no virtual. Sua análise do consumidor mimético me posiciona em não ter a pretensão de conquistar todo meu nicho de mercado e sim em conquistar uma parte do meu nicho em que eu sou muito mais competitivo, onde tenho mais diferenciais nas dinâmicas de consumo de meu público alvo para proporcionar para estes uma experiência e comodidade que torne minha franquia uma excelente opção. Estou preparando minha psicologia, energia emocional e fôlego financeiro para tornar a operação lucrativa a partir do 6o mês. Bom … este será meu desafio e ter consciência desta dinâmica pode me ajudar na tomada de melhores decisões. Muito Agradecido!
Olá Pedro! Veja a resposta do autor, Marcos Gouvêa de Souza:
“Só para ajudar. Será fundamental que sua ação esteja em linha com as propostas da marca e mais as suas características pessoais e relacionamento com o mercado. E dependendo da localização geográfica da atuação, o potencial dos segmentos e nichos. Mas vale reforçar que esse comportamento descrito está presente mais fortemente nos consumidores mais jovens no momento e, gradativamente, estará se tornando o padrão de mercado como parte do processo de evolução e amadurecimento do mercado como um todo. Será fundamental que sua ação esteja em linha com as propostas da marca e mais as suas características pessoais e relacionamento com o mercado. E, dependendo da localização geográfica da atuação, o potencial dos segmentos e nichos. Mas vale reforçar que esse comportamento descrito está presente mais fortemente nos consumidores mais jovens no momento e, gradativamente, estará se tornando o padrão de mercado como parte do processo de evolução e amadurecimento do mercado como um todo.”